E O CARROCEL HOLANDÊS SE APRESENTOU AO MUNDO !
Em 1974, o Uruguai tinha
vários jogadores de respeito ...
e com taças e mais taças
por seus clubes.
Tinha também a fama e o
peso de dois títulos olímpicos e dois ...
...em qualquer disputa ou
torneio. A Holanda tinha vários atletas...
...de talento que também
colecionavam taças por seus clubes,...
...mas jamais havia brilhado
em Olimpíadas, ...
...muito menos em Copas do
Mundo. Enfim, era um “Zé Ninguém”,...
...com todo respeito. Mas,
naquela estreia do Mundial da Alemanha,...
...em Hannover, o planeta viu
uma partida surreal e inédita.
Holanda 2 x 0
Uruguai
Data: 15 de junho de 1974.
Local: Estádio Niedersachsenstadion, Hannover, Alemanha.
Juiz: Károly Palotai (HUN)
Público: 55.100 pessoas
Uruguai: Mazurkiewicz; Forlán, Jáuregui, Masnik e Pavoni; Montero
Castillo, Mantegazza e Espárrago; Pedro Rocha; Cubilla (Milar, aos 23´do 2º T)
e Morena.
Técnico: Roberto Porta.
Holanda: Jongbloed; Suurbier, Arie Haan, Rijsbergen e Ruud
Krol; Jansen, Neeskens e Van Hanegem; Rep, Cruyff e Rensenbrink.
Técnico: Rinus Michels.
Durante os 90 minutos, a
Holanda trucidou o Uruguai...
...como se o time laranja
fosse um bicampeão mundial e o azul-celeste
...o “Zé Ninguém”. Quando um
uruguaio pegava na bola, ...
...dois, três, quatro
jogadores chegavam e a tomavam.
Parecia um arrastão de
moleques travessos contra uma senhor ...
...no rosto dos
sul-americanos, que tentavam parar com faltas...
...duras aquela velocidade,
aquela técnica, aquele volume...
...de jogo fora do comum e
impressionante. O zagueiro avançava.
O volante roubava bolas e
aparecia no ataque. O lateral ia até...
...a linha de fundo como um
ponta e fazia bicos na zaga.
E um camisa 14 percorria o campo inteiro, sem cansar, parecendo ter...
E um camisa 14 percorria o campo inteiro, sem cansar, parecendo ter...
...fôlego infinito e
desesperado por ver um placar tão magro por tanto tempo.
Culpa do goleiro celeste,
que fez uma de suas melhores partidas na...
carreira (seria a melhor?),
e da falta de pontaria dos europeus,...
...que poderiam ter aplicado
uns 16, 17 a 0 nos sul-americanos.
Exagero? De jeito nenhum.
Basta ver um teipe do duelo para...
entender a totalidade dos
laranjas. Pedro Rocha, lendário meia ...
...uruguaio, disse que “quis o colo da mãe” naquele dia.
Mas nem ela, nem ninguém,
poderia salvar os uruguaios daquele...
...vareio simbólico e
histórico. Foi apenas 2 a 0,...
...mas também a apresentação
máxima do Futebol Total de Rinus...
...Michels e Johan Cruyff para um público gigantesco...
...e que ainda não tinha visto aquele jeito de jogar bola.
Para os laranjas, o futebol parecia um esporte fácil,...
...praticado em piloto automático, com a mais perfeita mecânica.
...Michels e Johan Cruyff para um público gigantesco...
...e que ainda não tinha visto aquele jeito de jogar bola.
Para os laranjas, o futebol parecia um esporte fácil,...
...praticado em piloto automático, com a mais perfeita mecânica.
A proposta holandesa
era diminuir os espaços do campo do ...
... adversário, ter sempre a bola sob seu domínio e atacar ...
... adversário, ter sempre a bola sob seu domínio e atacar ...
...freneticamente, com os jogadores
flutuando pelo...
...gramado sem uma
posição fixa, mas o senso de colocação indicado...
...para cada situação e cada propósito. Um lateral deveria...
...cumprir suas
obrigações básicas, mas também aparecer no...
...ataque, no meio de
campo e até arriscar chances de gol, se possível.
Os meio-campistas não
só marcavam, mas também ...
...armavam, atacavam e
balançavam as redes. E os atacantes tinham que ajudar os companheiros na marcação,...
...na roubada de bola e na pressão da saída de bola que causava...
...pânico nos goleiros e nos zagueiros fracos tecnicamente.
...Holanda era uma das favoritas ao título mundial pelo elenco que ...
...tinha, mas ainda não despertava grandes emoções em quem...
...não a conhecia, ainda mais pelos problemas que Michels tinha com ...
...relação ao posicionamento de jogadores, como a dupla de zaga ...
...formada por Haan e Rijsbergen, que não tinham jogado juntos antes,
...Jansen, pouco habituado ao elenco, Neeskens, tendo...
...que se desdobrar em várias funções, Hulshoff, fora por lesão e Cruyff, supostamente fora de sua plena forma física.
Para piorar, Michels treinava o time há apenas três meses e em três jogos amistosos. O primeiro jogo oficial seria justamente a estreia na Copa do Mundo, contra o tradicional Uruguai e seus jogadores com idades avançadas, mas ainda sim de respeito ...
– e põe respeito nisso, pois a Celeste tinham nomes como Mazurkiewicz, Pablo Forlán, Espárrago, Pedro Rocha, Cubilla e Morena.
O próprio Cruyff admitiu naquela época que os holandeses estavam
nervosos e que temiam um jogo ruim. Mas, para a surpresa geral, seria
fantástico.
Quando a bola rolou em Hannover, a torcida majoritária holandesa começou a perceber que aquele time laranja era diferente.
E os jogadores uruguaios passaram a sentir que o duelo seria inesquecível, no mais puro sentido da palavra.
Quando um jogador celeste recebia a bola, pelo menos dois holandeses chegavam ao seu encalço e a tomavam sem dó nem remorso. A ideia dos sul-americanos era abusar dos lançamentos para o ataque ...
...a fim de explorar o talento do jovem Morena e da malandragem de Cubilla e Pedro Rocha. Mas quem disse que a bola chegava neles?
A Holanda parecia se multiplicar em campo e o tomava para si. Para tentar intimidar o time europeu, Forlán solou violentamente Neeskens logo aos três minutos, mas o fraquíssimo e pacífico árbitro nem...
...sequer mostrou cartão ao defensor uruguaio. A Holanda não demorou para revidar – com futebol. Aos seis minutos, Cruyff recebeu de Suurbier no meio, aplicou um lindo drible no primeiro marcador, passou pelo segundo facilmente...
...e tocou na direita
para o compatriota Suubier, que levantou para a área. Por lá, Rep subiu mais
alto que toda a zaga e testou firme para o fundo do gol: 1 a 0. Era o começo de
um domínio pleno da Holanda ...
...contra um adversário envelhecido na idade
de seus atletas e na mentalidade tática de seu treinador.
O Uruguai tentou
reagir de bate-pronto, mas não conseguiu. Quando tinha a bola no chão, os
jogadores celestes viam um paredão laranja à frente e tinham que apelar para o
chutão. A bola, claro, sobrava para um jogador laranja, que iniciava outra jogada europeia. Na zaga, Suurbier podia avançar sem problema algum, enquanto Haan alternava momentos no meio de campo e até trocava de posição com Van Hanegem.
Só Ruud Krol que
tinha a obrigação de marcar com mais cuidado o atacante Cubilla, mas não tinha
lá grandes problemas a ponto de alternar momentos na lateral-esquerda e na
direita.
...telepática única e uma inteligência
simplesmente incomparável – ninguém foi mais intelectual para ver e entender uma
partida como ele. Ninguém.
Sem conseguir
controlar a bola, o Uruguai apelava cada vez mais para as faltas. Entre os 10´e
os 19´, a Holanda dominou a partida, mas foi contida pela violência dos
sul-americanos, que tinham o reforço do árbitro, que não tinha a
capacidade de tirar o cartão do bolso......para coibir tais atos. O tempo passava e a Holanda era cada vez mais chocante para aqueles que nunca a tinham visto jogar. Era impressionante a naturalidade com a qual eles roubavam as bolas dos uruguaios. Ainda mais incrível era a presença de cinco,...
...seis homens de laranja no campo de defesa para roubar a bola de algum zagueiro celeste. Os sul-americanos viviam um filme de terror em um cenário inédito para eles e que não reservava nem um pingo de final feliz ou vilão derrotado.
Um exemplo claro dessa enxurrada de novidades táticas e técnicas aconteceu aos 22´, quando o zagueiro Jáuregui tentou um lançamento para Mantegazza, na direita, e o time inteiro da Holanda se adiantou para deixar o ataque celeste impedido.
Era o “pressing”, copiado por pouquíssimos
times nas décadas seguintes, mas executado com perfeição apenas por aquela Holanda.
Embora criasse muitas e muitas chances de gol, a Holanda não conseguia fazer mais gols por falta de chutes precisos e de pontaria.
E tornaria mesmo. Krol, Cruyff e Suurbier tentaram nos dez
minutos finais, mas todos pecaram na finalização e tiveram o azar de toparem
com o goleiro Mazurkiewicz, o mais lúcido uruguaio em campo e que não sentia
aquela enormidade técnica dos laranjas.
Sóbrio, seguro e muito bem colocado, o
goleiro garantia o placar magro com muita precisão.
No intervalo, Pedro Rocha foi tirar satisfação com Montero
Castillo, incumbido de marcar Cruyff – e que se achou todo dizendo que o
holandês “não iria andar”.
Castillo, praticamente sem pernas e sem ar, disse
que “correu atrás do camisa 14 o campo todo e ele não
parou. Nem porrada dava para dar”. Mas será que o 1 a 0
permaneceria durante todo o segundo tempo?
Quando voltaram para a etapa complementar,
os holandeses não diminuíram o ritmo e trataram o jogo como se ele começasse
naquele instante.
Já os uruguaios insistiam nas jogadas em profundidade e caíam
em constantes impedimentos. Embora o desenho tático fosse mais ofensivo, com o
time celeste um pouco mais solto e até aparecendo esporádicas vezes no ataque,
a Holanda foi toda arte e toda ataque, e, aos cinco minutos, quase ampliou após
uma jogada ensaiada que terminou com um chute de sem-pulo de Van Hanegem que
acabou subindo demais.
Forlán, ainda querendo intimidar os holandeses, fez
faltas violentíssimas em Krol e Van Hanegem e só foi advertido com o cartão
amarelo.
Ele mereceria o vermelho em ambas as ocasiões. Aos 8´, o lateral
tentou se redimir ao evitar um gol certo de Rep, após lance de Neeskens pela
direita.
Nos minutos seguintes, mais lances sublimes, toques rápidos e tabelas
perfeitas dos holandeses e total consternação dos uruguaios.
Aos 15´, Pedro
Rocha recebeu no meio de campo e, quando se virou, viu três holandeses em seu
encalço e outros dois por perto. Ali, ele clamou pelo confortável colo da
mãe.
Mas ela não estava por perto. E a Holanda tomou a bola para si. De novo…
Entre os 18´e os 22´, a Holanda tentou mais
algumas vezes, a mais aguda com Cruyff, mas Mazurkiewicz mandou para escanteio.
Depois de tanto bater, Montero Castillo foi, enfim, expulso ao acertar o camisa
14 da Holanda sem bola.
Três minutos depois, Rensenbrink isolou uma bola fácil
e deixou claro a falta que um centroavante fazia naquele timaço.
Era o detalhe
que não tornava perfeita a equipe laranja. Um minuto depois, Suurbier mandou no
ângulo e o goleiro celeste defendeu plenamente.
Aos 28´, o time laranja marcou,
mas o árbitro anulou erroneamente alegando pé alto de Cruyff em Masnik. Na
sequência, Jansen acertou a trave de Mazurkiewicz e o goleirão defendeu o
rebote de Rensenbrink.
Após minutos assíduos sem gols, os
holandeses esfriaram um pouco o jogo e só foram atacar de maneira mais aguda
perto dos 40´, quando Van Hanegem tocou pelas costas de Forlán para Rensenbrink
rolar para a área e Rep, livre, marcar o segundo e merecido gol: 2 a 0. Embora
tivessem falhado tanto nas finalizações, os holandeses eram os legítimos donos
do jogo, da bola e do futebol naquele dia.
Foram pelo menos 17 chances de gol
contra apenas uma dos uruguaios. Ao apito do árbitro, o estádio inteiro
aplaudiu a apresentação de gala de uma inédita e histórica Holanda.
Era apenas
a estreia do time na Copa, mas os laranjas haviam exibido para o planeta um
futebol revolucionário que não era visto desde os tempos da fabulosa Hungria de
1954.
Mais do que
isso, era um futebol melhorado taticamente e ainda mais forte. Se os magiares
eram mais prolíficos, os laranjas eram mais inteligentes e sabiam como não
deixar um time jogar.
O duelo com o Uruguai foi a mostra clara da superioridade
e do encantamento. Muitos dizem que foi a maior partida já feita por uma equipe
holandesa na história.
E pode até ter sido. Afinal, jogar como jogou e humilhar
tecnicamente um adversário mesmo sem golear como aquela Holanda fez, foi digno
de filme.
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FONTE DOS TEXTOS
Retirado na íntegra do site: www.imortaisdofutebol.com
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